sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Fahrenheit 451




Editora: Globo
ano: 1953
autor: Ray Bradbury
Nº de paginas: 215
Talvez não tão conhecido como outros clássicos da distopia como 1984 e A Laranja Mecânica, esta obra pode ser considerada um clássico, assim como um precursor do gênero. Escrito há mais de 60 anos por Ray Bradbury, num mundo não muito distante do nosso, Fahrenheit 451 assusta por sua semelhança com tudo que vemos hoje, na tecnologia, mas principalmente na alienação e ociosidade de nossa sociedade. 

Guy Montag é um bombeiro que ama seu trabalho. Entretanto, em Fahrenheit 451 seu trabalho não é de apagar incêndios, mas sim criá-los. Mais especificamente, o alvo são os livros - o Governo os considera inimigos das pessoas de bem, seu conteúdo sendo perigoso, na verdade, por dar ideias e pensamentos novos.
O ponto de combustão do papel é 451 graus Fahrenheit ou 233 graus Celsius. Por consequência dos livros, daí o título. Bradbury dividiu o livro em 3 partes, que seguem Montag em sua evolução, tanto sua visão do mundo em relação aos livros como a tudo o que o cerca, já que nos últimos capítulos percebe-se uma grande mudança na forma como a história é narrada. 

Embora poucos, todos os personagens têm um significado o que enriquece ainda mais a história. Por exemplo, a esposa de Montag, Mildred, é tão alienada que nem se lembra de como conheceu seu marido. 
Já Clarisse, uma garota adolescente que aparece no início do livro, representa o outro lado da moeda: a curiosidade e questionamentos que fazem parte do ser humano.

Até o antagonista Beatty, chefe do Corpo de Bombeiros, que embora possua conhecimento de dezenas de livros e fosse no passado um ávido leitor, opta por trabalhar como bombeiro porque os considera obstáculos para a felicidade da sociedade.

Outro ponto interessante de notar na história são os nomes. Coincidentemente, Montag foi batizado com o nome de uma fábrica de papel e Faber , um ex-professor que se torna amigo de Montag, uma fábrica de lápis (Faber-Castell). Além disso, Clarisse tem a raiz de seu nome derivado de clareza, o papel que ela tem na história: iluminar a mente do protagonista.

Vale notar que, diferente de outras distopias como 1984 e Jogos Vorazes, o futuro de Fahrenheit 451 não está muito longe de se realizar. Escrito em 1953, Bradbury previu "Telas interativas", nossas TV 3D e Smart TV. As pessoas precisam tomar remédios constantemente para mantê-las no transe cotidiano e não pensar muito.

Mas o que é mais assustador: o que descobrimos é que não foi o Governo que "proibiu" os livros, mas a própria população deixou de ler e quis acabar com a liberdade de expressão daqueles que eram contra. Com o passar do tempo, ler um livro era desnecessário se já havia um resumo. Além disso, "Por que se importar se já existe um filme do livro?" Provavelmente te lembrou muita gente, né?

Fahrenheit 451 como muitas distopias foi adaptado para o cinema em 1966. Há diferenças, mas a fidelidade é razoável e o resultado espetacular. Mas leia o livro antes, pela escrita impecável do autor e pela narrativa incrível, impossível de transpor para um filme. Vai te deixar acordado a noite toda, eu garanto.

P.S.: Ray Bradbury morreu em 2012 e Fahrenheit 451 vendeu menos cópias desde seu lançamento do que Cinquenta Tons de Cinza no mês passado.

Nota: 9,5 por causa das descrições em excesso. Mas, pela mensagem, merece nota 1000!

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