segunda-feira, 7 de julho de 2014

O Menino Do Pijama Listrado - John Boyne


Oi bookaholics. Ainda estou aqui com vocês ;)


Título: O Menino Do Pijama Listrado
Título original em inglês: The Boy In The Striped Pyjamas: A Fable
Autor: John Boyne
Editora: CIA. Das Letras

Você já imaginou seu pai no posto de comandante numa Alemanha no meio da Segunda Guerra Mundial, recebendo o simpático Fúria para o jantar?Detalhe: você só tem nove anos e não sabe nada a respeito do Holocausto.

Esse é Bruno. Ele não sabe da solução final contra os judeus, também não sabe que a Alemanha está em guerra com metade da Europa e muito menos que sua família está envolvida. Ele só sabe que teve que deixar sua bela e espaçosa casa em Berlim para mudar-se para um lugar desolado, onde o tédio reina. Da janela de seu quarto, Bruno enxerga uma cerca, e para além dela, centenas de pessoas de pijamas que o deixam com um estranho frio na barriga.

Trama : Uma tarde, voltando da escola, Bruno chega em casa e encontra a empregada da família arrumando todos os seus pertences em malas e logo descobre que ele e a família está de mudança. Bruno tenta a todo custo fazer a mãe mudar de ideia, já que não quer deixar sua casa em Berlim e seus três melhores amigos. Mas não tem jeito, eles se mudam, e Bruno não gosta nada da nova casa. Lá não há amigos para brincar, e o único fato que prende a atenção de Bruno é a existência de uma cerca que separa sua casa de centenas de pessoas vestidas com um estranho pijama listrado. Um dia, fazendo uma exploração nos arredores da casa (paralelo à cerca, pra ser mais exata) ele encontra um menino sentado do outro lado da cerca, que tem a sua idade e também veste um pijama listrado. Bruno logo percebe que encontrou um amigo.

Shmuel, o garoto que Bruno encontra do outro lado da cerca, tem uma ingenuidade que me enraiveceu algumas vezes. Mas aí eu lembrava que assim como Bruno, ele só tinha nove  anos e fora forçado a deixar sua vida e levado para aquele lugar estranho (leia-se Campo de Concentração).
Eu realmente me emocionei com Shmuel, que mesmo sentindo na pele o que era estar do outro lado da cerca, perdoou Bruno quando o mesmo negou que eles eram amigos, fazendo Shmuel sofrer por algo que ele não havia cometido.

A história é uma fábula de amizade, escrita de uma forma simples, quase infantil. Infantil sim, mas não no sentido ruim da palavra (se é que algum sentido ruim há), mas no sentido de ingenuidade de uma criança de nove anos. A narrativa em terceira pessoa que acompanha o personagem principal, transmitindo seus pensamentos, medos e indagações típicas de uma criança nos leva até "Haja-Vista" e nos coloca frente aos personagens.
É um livrinho (pequeno mesmo, apenas 186 páginas) tocante e de leitura rápida e fácil.Não traz detalhes sobre o Holocausto, apenas a história de amizade entre esses dois meninos pertencentes a lados opostos de uma guerra.
Algumas pessoas sentem dificuldade em entender o final do livro, pois o autor escreve o último capítulo de uma forma um pouco vaga, mas dá pra ter uma noção do que acontece. Eu nunca assisti o filme, mas dizem ser tão bom quanto  livro. É um livro que entrou na minha lista de queridinhos, então, RECOMENDO! De 0 a 10, minha nota é 9,7.
Merece o Selinho de Qualidade.


Quotes:

“Já não sinto mais nada”, disse Shmuel.

“Você é o meu melhor amigo, Shmuel”, disse ele. “Meu melhor amigo para a vida toda.”

"Se ficou lindo?", perguntou a avó, inclinando-se para a frente e encarando a nora como se ela tivesse perdido o juízo. "Lindo, você disse? Menina tola! É isso que considera de importância neste mundo? Ficar linda?"

E então o cômodo ficou escuro e de alguma maneira, apesar do caos que se seguiu, Bruno percebeu que ainda estava segurando a mão de Shmuel entre as suas e nada no mundo o teria convencido a soltá-la.

Um livro tão simples e tão bem escrito que beira a perfeição.
The Irish Independent

Intenso e pertubador [...], pode se tornar uma introdução tão memorável ao tema como O Diário de Anne Frank foi em sua época.
USA Today

Um livro maravilhoso.
The Guardian




quinta-feira, 3 de julho de 2014

domingo, 20 de abril de 2014

Um Estudo Em Vermelho - Conan Doyle

Olá bookaholics. Depois de dois anos, cá estou eu com minha primeira postagem. Então, let's go !

Livro: Um Estudo Em Vermelho
Autor: Sir Arthur Conan Doyle
Editora: L&PM
Páginas: 190

Um Estudo Em Vermelho marca duas grandes estreias: este é o primeiro livro publicado por Sir Arthur Conan Doyle (1859-1930) e também é a primeira história com o personagem Sherlock Holmes.

O livro é divido em duas partes: na primeira, temos a história em si; na segunda, a explicação do caso.

No início da primeira parte, Dr. Watson, que acaba de voltar do Afeganistão e encontra algumas dificuldades financeiras, aceita a sugestão de um amigo, dividindo um apartamento com Holmes, que não quer pagar um aluguel muito caro. Logo, Watson começa a observar e se surpreender com as incríveis habilidades de observação e dedução que Holmes possui, além de sua destreza em algumas áreas da ciência e sua ignorância em outras.

Dentre as muitas visitas que vão à procura de Holmes, estão os policiais Lestrade e Gregson. Holmes afirma que eles são a "fina-flor" da Scotland Yard, "o que não significa que valem grande coisa. São rápidos e enérgicos, mas usam métodos terrivelmente convencionais. Além disso, há entre eles uma grande rivalidade profissional".

Gregson e Lestrade pedem auxílio a Holmes em um caso terrível e indecifrável: um homem é achado morto, sem ferimentos e cercado por manchas de sangue. Na parede, uma enigmática mensagem escrita com sangue e no rosto do morto, uma expressão de pavor.

É impressionante como em questão de minutos, Holmes capta detalhes mínimos que desempenham papéis cruciais na resolução do caso.

Já na segunda parte, Conan Doyle nos transporta através do tempo, onde acompanhamos a história do assassinado e de seu malfeitor, onde pouco a pouco entendemos o motivo do crime e vemos que, mesmo sem ter os detalhes, Holmes acerta em cheio utilizando suas técnicas peculiares.

Com seu ritmo vertiginoso de suspense e mistério, essa obra já nasceu clássica, consagrando seu protagonista como o mais popular e arrebatador detetive da história da literatura. Um caso para Sherlock Holmes e suas fascinantes deduções, narrado por seu amigo Dr. Watson, interlocutor sempre atento e não raro maravilhado com a inteligência e o talento do detetive.

Elementar, meu caro Watson.






quinta-feira, 20 de março de 2014

Divergente - Veronica Roth

Olá a todos, já faz um tempo que não escrevo nada, mas decidi finalmente tomar coragem e falar um pouco de Divergente. O livro, na verdade, é o primeiro de um gênero que vem crescendo muito atualmente: as distopias. Todos já foram publicados no Brasil, inclusive em março uma adaptação cinematográfica do livro chega nos cinemas.

Bom, a história em si pode parecer simples a princípio. Em um futuro distante, em uma cidade que corresponde à Chicago dos dias atuais, a sociedade é dividida em cinco facções que cultivam uma virtude - Abnegação, Audácia, Amizade, Franqueza e Erudição .

A protagonista Beatrice Prior vem de uma família de Abnegação, mas está indecisa depois de ver seus resultados no dia dos testes, pois ela é Divergente, não se enquadra apenas em uma facção, mas em três. Seu irmão, Caleb, também escolherá sua facção no mesmo dia para surpresa de sua família ele decide ir para a Erudição. Lembrando que pra eles há um lema: "Facção antes da família", levado bem a sério.

Muita gente diz que a série é semelhante a Jogos Vorazes e que não vale a pena ler. Muito pelo contrário, Divergente possui muitos pontos fortes e uma história original. Há reviravoltas constantes e a autora consegue manter o ritmo em todos os capítulos, é fácil se identificar com Tris e seus medos. Apesar de que o romance será inevitavelmente mais apreciado pelas garotas porque... pois é, acertou.

A editora Rocco já lançou a trilogia completa no Brasil, aproveite. Comprando o box na Submarino dá pra economizar bastante. Como sempre o livro no original em inglês é mais rico, mas a tradução brasileira foi bem feita também. De qualquer forma, recomendadíssimo!

Nota: 9,0

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Sociedade dos meninos gênios 



Título original: All men of genius
Autor: Lev AC Rosen
Páginas: 544
Editora: Novo Conceito

Lançado no Brasil no início deste ano, Sociedade dos Meninos Gênios foi um daqueles livros únicos. Inspirado por clássicos Noite de Reis de William Shakespeare e A importância de ser honesto de Oscar Wilde o livro, mesmo para  aqueles que não são familiarizados com o gênero steampunk vão gostar muito da história e a mensagem que o mesmo oferece.

Violet Adams é uma garota a frente de seu tempo. Ela é filha de um famoso astrônomo viúvo, e como o pai tem grande interesse pela ciência, mas na área de Mecânica. Entretanto, a época em que ela vive, fim do século XIX, enxerga as mulheres somente como devendo ser belas, educadas e boas esposas. O grande sonho dela é entrar na Universidade de Illyria, a mais competitiva faculdade de Londres que, infelizmente, só aceita homens.

Quando seu pai parte em uma viagem para a América ela vê sua grande chance. Com ajuda de seu irmão gêmeo Ashton ela cria um plano para conseguir estudar na sua faculdade dos sonhos e provar que as mulheres podem fazer muito mais que os homens dizem. Ela se disfarça de homem e assume a identidade do irmão.

O que mais me impressionou foi a fluidez da história. Embora nos primeiros capítulos algumas coisas com ar de "ciência maluca" fizeram-me torcer o nariz, a partir do ponto em que Violet entra na faculdade tudo flui num ritmo agradável, em um misto de mistério envolvendo mistério, suspense e romance.

E embora a maior parte do livro ser visto do ponto de vista de Violet, conforme a história avança vemos ela pelos olhos de personagens, que mesmo secundários, tem um motivo particular para o comportamento de todos. São todos necessários para a narrativa, cada um a seu modo, e a história ficaria mais parada sem essa dinâmica de vários personagens contando a mesma história.

Há também muito mistério envolvendo a história da faculdade e as coisas que acontecem no seu porão, sendo que aos poucos descobrimos mais peças que ajudam a resolver o enigma. O falecido pai de Ernest, o atual duque de Illyria, era um cientista cheio de segredos si mesmo e sobre Illyria, os quais nunca revelou nem ao próprio filho. Um perigo a mais surge para a Violet quando ela descobre que o porão não é tão vazio quanto se imaginava antes.

Outro assunto abordado é a questão da homossexualidade, os chamados "invertidos" no livro. A questão é vista de forma leve, apenas mostrando a visão deles, sem deixar que os outros personagens dessem lugar ao preconceito. É triste pensar que até hoje isso continua sendo um tabu.

No início, eu pensava que Sociedade seria apenas mais um livro de ficção comum, não esperando muito da história. Mas me surpreendi com a grandiosidade da história, mesmo sendo um livro único, a fluidez da história e abordagem dos tabus, tudo só tornou a narrativa ainda melhor.

Personagens fortes, uma história cativante, reflexões sobre paradigmas existentes até hoje... Sociedade dos meninos gênios é realmente um livro que vale a pena conferir. Recomendo a todos que gostam de suspense, mistério e um pouco de romance, você não vai te decepcionar.

Nota: 9,5

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

O diário de Bridget Jones - Helen Fielding


literar-comparativa-capa1Título: O diário de Bridget Jones
Autora: Helen Fielding
N° de páginas: 317
Editora: Record

Olá, queridos! Hoje vim comentar sobre o livro "O diário de Bridget Jones". Ele foi escrito em 1998 e possui as continuações "Bridget Jones: No limite da razão" e "Bridget Jones: Louca pelo garoto" lançado ano passado.

O livro é muito irreverente. A história é de uma mulher que está na faixa etária dos 30 anos de idade e sem nenhum relacionamento concreto. Além de ter brigas incansáveis com a balança, faz promessas típicas de começo de ano, como aprender a mexer em seu videocassete, largar seu vício em cigarro e não tomar mais que 14 doses alcoólicas na semana. Se você acha que já está bom, saiba que ela tem uma queda livre pelo chefe Daniel Cleaver, não se sente realizada sua vida profissional, e vive constantemente criando novos vícios para poder esquecer os que ela já tem ou, simplesmente, come e se “afoga” em bebida para esquecer as mágoas.

Bridget odeia livros de autoajuda, mas sua autoestima é tão baixa que ela acaba sempre dando uma espiadinha nele e é pior ainda, já que ela acredita no conteúdo. Quando tenta preparar alguma festa para surpreender as pessoas ou simplesmente se arrumar para encontrar alguém importante, tudo consegue sair incrivelmente errado, o que vai de pratos queimados a estar secando seu cabelo atrasada e não ouvir seu pretendente chamar pelo interfone.

A mãe dela, Pam, é uma figura em pessoa e vive colocando Bridget em grandes festas de família à procura de um pretendente, criando situações mais que constrangedoras. Pam se separou de Colin (pai de Bridget, e provavelmente uns dos únicos que realmente a entende) para aproveitar o resto de sua vida se dedicando somente a si mesma, começando por trabalhar em um programa de TV, o que faz a filha ficar sempre de cabelo em pé.

Essa história mais que atrapalhada vai se passar em um ano da vida de Bridget, não tem como não rir com os comentários e pensamentos de Bridget, e, por mais que não queira admitir, no fundo do seu subconsciente, você encontrará expectativas dela em você mesmo, por mais bobas que elas sejam. Às vezes tudo dá errado no caminho, mas sempre há a possibilidade de melhorar no final (ou não).

"Foi um ano produtivo"
- O diário de Bridget Jones



terça-feira, 14 de janeiro de 2014

A 5ª Onda

Título original: The 5th Wave
Autor: Rick Yancey
nº de páginas: 368
Editora: Fundamento

Olá pessoal que ama livros, hoje vim falar de um livro que deve ser desconhecido para a maioria, mas vale a pena conferir. Lançado ano passado, o novo livro de Rick Yancey é o primeiro de uma trilogia que mistura ficção científica, ação, romance e, é claro, tem como pano de fundo um mundo pós-apocalíptico formado após uma invasão alienígena.

O livro é narrado em primeira pessoa, do ponto de vista de vários personagens, o que torna a leitura agradável e mais ágil. Por outro lado, Yancey utiliza um recurso que pode ser frustrante para muitos leitores: reviravoltas que seriam assustadoras para os personagens já são reveladas para o leitor de antemão, o que faz com que quase dois terços do livro sejam um pouco irritantes.

Felizmente, graças a empatia que os personagens transmitem, isso pode até ser ignorado. Cassie (não apelido de Cassandra ou Cassidy, mas sim de Cassiopeia) é quem inicia a narrativa, onde vive isolada na floresta buscando sobreviver a invasão desconfiando de qualquer um. Através de flashbacks, ela mostra como tudo começou a mudar na vida dela quando a nave alienígena chegou à Terra.

No décimo dia após a nave entrar na órbita terrestre veio a 1ª Onda - o apagar das luzes. Mortos: meio milhão. Pouco depois a 2ª Onda - uma série de tsunamis que varrem todas as costas do continente. Mortos: 3 bilhões. A 3ª Onda foi a mais longa, durou 12 semanas - a pestilência, um vírus que se disseminou com os pássaros. Mortos: 97% dos sobreviventes, entre eles a mãe de Cassie.

Nesse cenário catastrófico, como se as coisas não pudessem piorar, Cassie descobre a 4ª Onda - os Silenciadores, humanos que serviram de hospedeiros para os Outros (como são chamados os alienígenas no livro). Depois da 4ª Onda, Cassie foge e somente uma promessa ainda não a faz desistir de tudo: resgatar seu irmão Sammy de uma base militar camuflada como abrigo pelos Outros.

No caminho ela conhece Evan Walker, um garoto aparentemente normal, mas será que ela pode confiar nele? Enquanto isso, na base militar Ben Parish, um garoto por Cassie era apaixonada, enfrenta a mesma questão: ele pode confiar que os militares são realmente uma força de resistência ou não? Esse é a principal reflexão que o livro traz: quando não podemos mais confiar em ninguém, como podemos pensar em vencer uma guerra.

Uma obra-prima da ficção científica. 
USA Today 
É o melhor livro dos últimos tempos.
Vogue 

Nota de 0 a 10: 8,5 

sábado, 11 de janeiro de 2014

O chamado do cuco

Título original : The Cuckoo's Calling
Autor (a) : Robert Calbraith
nº de páginas : 448
Editora : Rocco

Olá queridos leitores de carteirinha, venho aqui para falar de mais um dos incríveis livros da nossa querida (e diva) J. K. Rowling, agora com o pseudônimo Robert Calbraith ela surpreende mais uma vez quem achava que ela só era apta a escrever histórias infanto juvenis com esse incrível romance investigativo, então, vamos nessa?

Em uma noite gelada, em pleno inverno brutal Londrino, uma jovem e famosa modelo com problemas evidentes psicológicos despenca da varanda de seu apartamento luxuoso na misteriosa Mayfair. A polícia, logo anuncia ter sido suicídio, porém, o irmão adotivo da modelo não se conforma com isso, contratando, três meses depois do ocorrido, um detetive particular.
Cormoran Strike, é um veterano de guerra, com feridas físicas e psicológicas da mesma, e vê-se em uma difícil fase de sua vida, tendo rompido seu complicado relacionamento com Charlotte e morando agora em seu próprio escritório, no qual só recebe uma cliente. O novo caso oferece-lhe uma melhor situação financeira, visto que o irmão de Lula Landry está disposto a pagar o que for para provar que fora um caso de homicídio. Porém, quanto mais Strike se aprofunda no caso, mais ele percebe o quão obscuras e perigosas são as coisas com que está lidando.
A meticulosa descrição de Calbraith nos permite viver a história, imaginar com detalhes cada cenário, cada rua, cada pessoa, a forma fluida com que escreveu te leva a querer apenas saber mais e mais do mistério sem sequer sentir o tempo passar (aviso importante: não comecem a ler o livro a noite, pois vão ficar acordados até de manha lendo).
Minha nota para esse livro é 9,0 e eu super recomendo (:

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Fahrenheit 451




Editora: Globo
ano: 1953
autor: Ray Bradbury
Nº de paginas: 215
Talvez não tão conhecido como outros clássicos da distopia como 1984 e A Laranja Mecânica, esta obra pode ser considerada um clássico, assim como um precursor do gênero. Escrito há mais de 60 anos por Ray Bradbury, num mundo não muito distante do nosso, Fahrenheit 451 assusta por sua semelhança com tudo que vemos hoje, na tecnologia, mas principalmente na alienação e ociosidade de nossa sociedade. 

Guy Montag é um bombeiro que ama seu trabalho. Entretanto, em Fahrenheit 451 seu trabalho não é de apagar incêndios, mas sim criá-los. Mais especificamente, o alvo são os livros - o Governo os considera inimigos das pessoas de bem, seu conteúdo sendo perigoso, na verdade, por dar ideias e pensamentos novos.
O ponto de combustão do papel é 451 graus Fahrenheit ou 233 graus Celsius. Por consequência dos livros, daí o título. Bradbury dividiu o livro em 3 partes, que seguem Montag em sua evolução, tanto sua visão do mundo em relação aos livros como a tudo o que o cerca, já que nos últimos capítulos percebe-se uma grande mudança na forma como a história é narrada. 

Embora poucos, todos os personagens têm um significado o que enriquece ainda mais a história. Por exemplo, a esposa de Montag, Mildred, é tão alienada que nem se lembra de como conheceu seu marido. 
Já Clarisse, uma garota adolescente que aparece no início do livro, representa o outro lado da moeda: a curiosidade e questionamentos que fazem parte do ser humano.

Até o antagonista Beatty, chefe do Corpo de Bombeiros, que embora possua conhecimento de dezenas de livros e fosse no passado um ávido leitor, opta por trabalhar como bombeiro porque os considera obstáculos para a felicidade da sociedade.

Outro ponto interessante de notar na história são os nomes. Coincidentemente, Montag foi batizado com o nome de uma fábrica de papel e Faber , um ex-professor que se torna amigo de Montag, uma fábrica de lápis (Faber-Castell). Além disso, Clarisse tem a raiz de seu nome derivado de clareza, o papel que ela tem na história: iluminar a mente do protagonista.

Vale notar que, diferente de outras distopias como 1984 e Jogos Vorazes, o futuro de Fahrenheit 451 não está muito longe de se realizar. Escrito em 1953, Bradbury previu "Telas interativas", nossas TV 3D e Smart TV. As pessoas precisam tomar remédios constantemente para mantê-las no transe cotidiano e não pensar muito.

Mas o que é mais assustador: o que descobrimos é que não foi o Governo que "proibiu" os livros, mas a própria população deixou de ler e quis acabar com a liberdade de expressão daqueles que eram contra. Com o passar do tempo, ler um livro era desnecessário se já havia um resumo. Além disso, "Por que se importar se já existe um filme do livro?" Provavelmente te lembrou muita gente, né?

Fahrenheit 451 como muitas distopias foi adaptado para o cinema em 1966. Há diferenças, mas a fidelidade é razoável e o resultado espetacular. Mas leia o livro antes, pela escrita impecável do autor e pela narrativa incrível, impossível de transpor para um filme. Vai te deixar acordado a noite toda, eu garanto.

P.S.: Ray Bradbury morreu em 2012 e Fahrenheit 451 vendeu menos cópias desde seu lançamento do que Cinquenta Tons de Cinza no mês passado.

Nota: 9,5 por causa das descrições em excesso. Mas, pela mensagem, merece nota 1000!

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Não conte para a mamãe, de Toni Maguire


    Título: Não conte para a mamãe
    Autor: Toni Maguire
    Editora: Bertrand Brasil
    Páginas: 308
    Lançamento: 2012
    ISBN: 978-85-286-1572-2
Olá pessoal, faz um tempo que não apareço por aqui. Mas hoje que é Dia do Leitor, trouxe uma resenha de um livro muito especial.

Começo dizendo que não há muita surpresa no livro, já que grande parte do que é narrado está na orelha do livro (o que acho errado, mas...).

No livro conhecemos Antoinette (é um nome difícil de se pronunciar e de se escrever, então daqui em diante a chamarei de Toni, como ela gosta de ser chamada nos dias de hoje). Ela é uma menina que, até os 6 anos, vivia alegremente numa rotina que se constituía em tomar chá com a vó e a mãe, receber presentes do pai e aproveitar a infância. Só que uma coisa terrível acontece: seu pai, que deveria cuidar e protegê-la, abusa dela, que na inocência dos seus míseros 6 anos, não sabe nem o que tudo isso significava.